sábado, 26 de maio de 2007

23 de Maio - O Dia que o povo se mobilizou

Sindicatos e movimentos sociais se manifestam por direitos sociais e trabalhistas
Fonte: Centro de Midia Independente.

O dia 23 de maio marcou a conjuntura recente do Brasil como dia de rearticulação da esquerda após o início do governo Lula. As manifestações foram convocadas como parte do calendário de lutas construído por 630 organizações de 20 estados no "Encontro Nacional Contra as Reformas Neoliberais", realizado em 25 de março em São Paulo. A mobilização do dia 23 foi o Dia Nacional de Luta Unificada por Nenhum Direito a Menos, em protesto contra as propostas de reforma das leis trabalhistas e previdenciária, pela manutenção do veto à emenda 3 e também contra a política econômica do governo. Houve outras reivindicações, como a tarifa social de energia elétrica exigida pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a reforma agrária, e, regionalmente, lutas no transporte público como a Tarifa Zero em Florianópolis, exigida pelo Movimento Passe Livre (MPL). De um modo geral as pautas foram referentes a questões políticas e econômicas abandonando o foco moral da crítica a corrupção utilizado anteriormente de forma oportunista. As mobilizações ocorreram em 16 estados, com greves, ocupações, passeatas e bloqueios de 39 estradas em 9 estados.
Em diversos locais houve repressão e, até mesmo, prisões. Em São Paulo uma marcha de diversas categorias foi impedida de entrar na Assembléia Legislativa pela Polícia Militar, onde pretendiam acompanhar a votação do PLC 30, projeto de lei complementar que propõe a criação de um fundo previdenciário para o estado; na rodovia Piaçagüera-Guarujá, também em São Paulo, 100 militantes do MST que bloqueavam a estrada foram detidos pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar; vinte militantes do MST foram presos pela Polícia Militar no Rio de Janeiro após negociarem a liberação da BR 393 - Rodovia Lúcio Meira, na altura de Dorândia, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense. Dois dirigentes foram presos quando caminhavam às margens da rodovia em direção ao acampamento Maria Crioula, sem qualquer acusação, os outros foram presos já dentro da área, ocupada pelas famílias sem terra desde 15 de abril.
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As mobilizações agregaram diversos movimentos como: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Cordenação de Movimentos Sociais (CMS), a Central Única dos Trabalhadores (CUT); a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas); a Intersindical; Resistencia Popular, Situacionistas e Anarquistas. O MAB destacou-se na ousadia de suas ações, ocupando duas usinas hidroelétricas incluindo a usina de Tucuruí, no Pará, uma das maiores do país. O exército e a polícia federal foram deslocados até a área, porém, a ocupação já havia se encerrado.
Apesar da mobilização ter unificado as diversas lutas, não conseguiu abranger massivamente trabalhadores e trabalhadoras do setor privado, precarizados e precarizadas, restringindo-se assim aos servidores públicos e aos movimentos sociais já organizados. O dia 23 serviu para esboçar um mínimo de unidade à esquerda, que encontrava-se desorientada desde a posse de Lula.

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