domingo, 19 de dezembro de 2010

Cineclubistas; Companheiros Velhos de Guerra*!

O Governo Brasileiro acaba liberar a primeira parcela de R$ 30 milhões de um total de R$ 44,6 de indenização à União Nacional dos Estudantes – UNE, como reparação pelos danos causados aquela entidade durante a ditadura civil militar. É a primeira reparação de caráter coletivo que ocorre. Pela lei da anistia de 1979 a reparação é de caráter pessoal. O fato ocorreu devido a Lei nº 12.260/10 aprovada pelo Congresso Nacional no último mês de junho.
 
Abre-se um precedente para outras entidades civis se articularem e pleitearem indenização. Segundo a direção da UNE, a soma será aplicada integralmente para a construção da nova sede, projetada por Oscar Niemeyer. O edifício terá 13 andares, será erguido no mesmo local, praia do Flamengo no Rio de Janeiro, onde o antigo prédio foi metralhado e incendiado em 31 de março de 1964. A antiga sede da UNE foi doada em 1942 pelo então presidente, Getúlio Vargas.
 
Com a edição do Ato Institucional nº 5 – (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, o Conselho Nacional de Cineclubes, seguido das Federações regionais, provocando uma interrupção nas atividades de mais de 300 cineclubes em todo território nacional. Em 1978 e 79, a polícia Federal invadiu a sede da DINAFILME – Dsitribuidora Nacional de Filmes para Cineclubes -, levando mais de 180 filmes do seu acervo, sem falar dos inúmeros filmes apreendidos em cineclubes e nas agências de transportes.
 
Uma ação desta natureza requer articulação e principalmente, uma entidade atividade para encabeçar a questão. Pena que o Conselho Nacional de Cineclubes, ainda não foi reabilitado.
 
Cineclubista
 
PS 1: Notícia publicado no yahoo.
PS 2: Filme de Vladimir Carvalho

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Urgenteeeeeeeeee!!!

Bairro do escritor Sacolinha será invadido pelo exército!
Suspeita-se que ali um grupo de escritores está recrutando pessoas da comunidade para uma organização com poderes maiores que os traficantes e os milicianos juntos.


É nesta sexta, 17/12 - às 19h30
Sarau LiteraturaNossa
Local: Ponto de Cultura "Círculo das Letras"
Rua Bandeirantes, 606 - Jd. Revista - Suzano - SP
Periferia de Suzano
Tel: (11) 4752-3996


Sarau promete parar o Jd. Revista


A Associação Cultural Literatura no Brasil realiza nesta sexta-feira, a partir das 19h30, o Sarau LiteraturaNossa. A atividade será realizada no Ponto de Cultura "Círculo das Letras" localizado na Rua Bandeirantes, 606, no Jd. Revista – Suzano - SP) e conta com o apoio da Prefeitura de Suzano.
"Este já é o terceiro sarau realizado no bairro e a cada edição o espaço tem ficado pequeno. As pessoas, carros e ônibus param em frente ao espaço para saber o porque do grande público". Fala o entuasiasta e sócio-fundador da entidade, Sacolinha, que também é escritor. E ainda completa: "Tem gente que confunde o nosso sarau com um culto evangélico, para e diz: Nossa, que igreja animada, hein?"
Nesse sarau haverá música, cinema, literatura, teatro, dança, contação de histórias e muito mais. Haverá ainda o lançamento do fanzine nº 23 que leva o mesmo nome do sarau.
O público presente neste dia contará com uma grande surpresa, não é à toa que os organizadores têm a espectativa de parar o bairro durante a realização dessa atividade.
Os interessados em se apresentar devem chegar com pelo menos 10 minutos de antecedência.
Outras informações sobre o sarau podem ser obtidas pelo telefone (11) 4752-3996

Como parar o mundo

 Esse texto foi publicado no site "Não2Não1"...


por Gustavo Gitti 

Você já quis parar o mundo? Pois saiba que o melhor momento para aprender a pausar a vida é ironicamente aquele em que mais você quer seguir vivendo.

Durante o sexo ou no meio de uma briga, às vezes desejamos interromper o fluxo dos fenômenos. Enfiar a cabeça no chão, nos momentos ruins, ou congelar a cena para a eternidade, nos bons. Tentativas sempre frustradas por uma espécie de ansiedade, uma urgência de abocanhar o prazer ou de tentar resolver uma situação dolorida. Ironicamente, mesmo quando tudo o que queremos é apertar pause, colocamos ainda mais força no botão de play.
Em vez de “descer do trem” do sofrimento ou eternizar alguma felicidade, parar o mundo pode ser entendido com outras imagens. Acariciar um leão que deita no chão pela primeira vez. Pousar a dois centímetros das nuvens. Ficar dentro da água e, por alguns segundos, relaxar como se você nunca mais precisasse puxar ou soltar o ar. Em vez de tentar pausar, retardar ou acelerar, jogar fora o controle. Descobrir que a cobra assustadora era apenas uma mangueira. Não ser atingido pelas balas depois de enxergar sua verdadeira substância de nuvem, sonho.
“O mundo é assim e assado, e tal e tal, só porque nos dizemos que é dessa maneira. Se pararmos de nos dizer que o mundo é tal e tal, o mundo deixará de ser tal e tal. Neste momento, não creio que você esteja pronto para esse golpe monumental, e, portanto, deve começar lentamente a desfazer o mundo.”
–Don Juan, em Portas para o Infinito, de Carlos Castaneda.
Castaneda conta que o índio Don Juan o ensinou a parar o diálogo interno e a ver além dos fluxos convencionais de interpretação, além da descrição do mundo, além do que tentamos nos convencer, segundo a segundo, sobre o que é a realidade. Ele chamava esse processo de “não fazer” – não fazer aquilo que estamos acostumados e sabemos fazer. Diante de uma árvore, por exemplo, não fazer pode ser focar nas sombras de suas folhas até que paremos de chamá-la de árvore, até que a árvore surja para além de nossa descrição de árvore.
O mundo para naturalmente quando nós paramos.
Claro, parar não é fácil. Além dos tiques corporais como roer a unha ou mover o pé freneticamente (que parecem estar naturalizados em nossa cultura), nossa mente tem mil vezes mais tiques e compulsões sutis. Se continuarmos tão distraídos, a arte de parar o mundo talvez seja esquecida. É por isso que compartilho agora algumas possibilidades.

Como parar o mundo durante o sexo

O andamento da noite foi acelerado. Eles saíram atrasados para o Forró in the Dark, dançaram até pingar, comeram pouco antes de fecharem o restaurante e foram para casa transar, um pouco ansiosos, distraídos, apressados. Enquanto ele metia de lado, por mais gostoso que fosse, ambos sabiam o que estavam fazendo, já haviam passado por isso incontáveis vezes, já podiam antecipar o desfecho.
Sem que ela entendesse, ele parou. Agarrado, ainda dentro, como que travando qualquer outro movimento. Antes de conseguir perguntar “O que foi?”, sua mente foi catapultada para onde a mente dele já estava. Ele a pegou pelo pescoço e virou. Ficaram se olhando e se cheirando enquanto se lembravam de si mesmos, do quanto não entendiam nada do que estava acontecendo, do quanto já estavam ali, felizes, colados e relaxados, mesmo antes enquanto estavam dispersos no carro.
Sem que ninguém falasse, o que se ouviu foi uma mistura de “Eu estou aqui”, “Quem é mesmo você?” e “Eu te amo a ponto de não saber o que isso significa”.
Depois aprenderam a parar o mundo sem necessariamente parar o corpo. Para ele, a catapulta começava com os olhos. Não piscava, quase desfocava, alternando entre se fixar nos olhos e atravessá-la, como se mirasse uma paisagem a 9 quilômetros exatamente atrás de sua nuca. Para ela, a catapulta era sentir a extensão quase infinita do próprio corpo e das sensações como se habitasse o corpo de outra pessoa, como uma simulação. Ao tentar se afastar, ela acessava ainda mais diretamente a realidade.

Durante uma briga

“Sempre que o diálogo interno pára, o mundo entra em colapso, e facetas extraordinárias de nossos seres emergem, como se tivessem sido mantidas numa guarda severa por nossas palavras. Você é o que é porque diz a si mesmo que é assim.” –Don Juan, em Portas para o Infinito, de Carlos Castaneda.
Às vezes é impossível brigar em apenas um cômodo da casa. Impossível olhar nos olhos do outro. Ela começa a se aprontar e vai freneticamente do banheiro para a lavandeira, do quarto para a sala. Ele finge ignorar a briga e fica respondendo da cozinha, enquanto bebe água sem estar com sede, e depois da sala, enquanto liga o computador sem saber por quê.
Não importa o que se diga, as falas dificilmente surgem além do horizonte de significação do problema, do mundo particular que reduz o foco dos olhos e sequestra pulmões. A briga acontece sempre com algum nível de alucinação, como se estivéssemos em um estado especial de REM. Ainda assim, é possível abrir a janela e repousar os olhos revirados no céu. Lembrar que estaremos todos mortos daqui a pouco. Admitir que nosso marido ou esposa não são nosso marido ou esposa; são apenas alguém que decidiu brincar um tempo conosco.
De um cômodo a outro, há uma espécie de bardo, limbo, entre-mundo: o corredor. Se a cozinha serve para algumas ações, se o escritório define o que podemos ali fazer, o corredor é o cômodo por excelência do não-fazer.
É ali que podemos descobrir que o melhor jeito de resolver uma briga é não resolver nada, mas olhar o mundo no qual a briga acontece como se déssemos zoom out na própria casa. Ao fazer isso descobrimos a liberdade de criar mundos, nos divertimos com as dinâmicas possíveis da relação e nos relacionamos com a liberdade do outro, com aquilo nele que pode brincar de ser esposa e marido e de se perder nos conflitos entre tais personagens.
Com o mundo parado, podemos até voltar para a briga, mas agora estaremos com os dois pés no chão, não mais dentro de nossas cabeças.

Durante uma dança

“As possibilidades do homem são tão vastas e misteriosas que os guerreiros, em vez de pensar sobre elas, escolhem explorá-las, sem esperança de jamais chegar a entendê-las.” –Don Juan, em Portas para o Infinito, de Carlos Castaneda.
Olhar um vídeo de um casal dançando (ou de si mesmo com alguém) não diz muita coisa sobre o que é dançar junto. Há toda uma dinâmica interna ao corpo, uma misteriosa relação com o outro e com a música. Talvez a dança de salão seja um dos raros modos de relação que se aproximem do sexo na possibilidade de movimentar a energia, a respiração, a emoção do outro. É por isso que às vezes conseguimos parar o mundo no fim do facão, no samba de gafieira, entre qualquer passo de tango ou mesmo em alguma travada do forró.
Se bem conduzida, se o casal congela precisamente junto com uma pausa da música (no meio ou no fim), o contraste com a agitação anterior abre os sentidos e cria a sensação de completa expansão temporal e espacial. Quando voltamos a conversar com os amigos ao redor, parece que acabamos de sair de outro universo. De fato, não estávamos dançando. Deve existir outro verbo pra isso.

Durante a meditação

A cada momento, não importa em qual experiência, nosso impulso mais básico é o de se mover para buscar ou sustentar prazer e felicidade, ao mesmo tempo em que evitamos dor e sofrimento. Sentado na cadeira do escritório ou no zafu da sala de meditação, tendemos a nos ajeitar sempre que algo dói. É exatamente esse o padrão que conduz nossa ação nos relacionamentos e na vida em geral: nos esforçamos para sustentar confortos e resolver desconfortos, seja atrasos do namorado ou traições da namorada, assim como mexemos a perna na meditação.
Num âmbito ainda mais sutil, como uma vez ouvi do Lama Padma Samten, o próprio ato de respirar manifesta nossa insatisfação constante. Puxamos o ar, mas isso não dura, não é suficiente, logo se torna insustentável. A satisfação inicial vira urgência de soltar o ar. Relaxamos brevemente até sermos obrigados a puxar o ar novamente.
Portanto, um dos jeitos de parar o mundo enquanto estamos sentados em silêncio é inspirar e naturalmente contemplar a urgência de expirar; soltar o ar e observar calmamente o impulso de tragá-lo de volta. Enquanto observamos toda essa dinâmica que não precisa de esforço para seguir, o espaço entre cada movimento aumenta e de repente surge um vasto oceano de imobilidade e estabilidade. Essa percepção fica ainda mais nítida quando nos demoramos um pouco mais para voltar à respiração e percebemos que estamos há um bom tempo sem piscar.
O mundo parou. E isso chega a ser engraçado quando nos damos conta de que ele continua parado mesmo enquanto tudo se move.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ensaio fotográfico da leitura dramática da peça "As Criadas" de Jean Genet











A audácia caminha à noite

Caminho pelas ruas festivas; festivo também estou. O ambiente entoa toda a algazarra mística da noite: a música é percussiva e recheada de cordas e sopros e açucaradas vozes embriagadas de prazeres alcoólicos.

Nada esta mal, nem a dor antagônica da existência, nem os caprichos que a vida revela. Estou contemplativo em busca de doses mais fortes para a cabeça. Por toda a rua a festa é repleta de fortes ondas sonoras. Mulheres e homens desfilam suas exuberâncias físicas; Meu único soberbo trabalho é olhar; aprecio a noite, a bebida, o sexo, a música e tudo o que mais me deixa em sintonia com o lugar.

Nesses dias fico à mercê de ocasiões, digamos divinas... A beleza em tudo é um olhar mais desvairado; um pacote de drogas acompanhado de sexo ao som de um tamborim e uma cuíca. Fios de náilons para reticular a moral reprimida.

Mas nessa noite Luis Melodia dá a nota fatal que atravessa as paredes de qualquer quarto sujo onde pago favores para obter coisas que me enchem a vida. Depois desço as escadas numa escuridão pavorosa. Alguns sorrisos estampam as resistências dos fregueses.

Lá fora tudo é convidativo: os rebolados, as simetrias, os resvalares de peles... continuo na noite santa; fumaças invadem pulmões e mente ao som de cavacos e pandeiros. São ocasiões para se pensar em dançar. É o que faço.

Duas garotas estão se amando loucamente. Não consigo desviar o olhar. Elas nem me notam e a vida continua. Percorro tudo, andando e olhando e ouvindo o sacudido do som: é batuque é baque é nervo é aço é balanço... nunca estive assim. São tantas as nevralgias, são tantos caos, mas tudo é sinfonia, aqui tudo é rufar, é tambor. Vou bebericando copos que me chegam às mãos, repassando toques, burlando locais sacros, referindo na mente difanidades; silêncio profano.

Sou eu que ao afro sabor da euforia resgato o sabor da vivência, manual de orgias; rufar o tambor da morte. Vem cá, rasga o cavaco deixa de lado o sufoco no pé da mulher, pele lisa pés descalço a sacolejar; eu ando, eu danço. Semba. Grito da fé num país de festas. País das contradições; o futuro que nunca chega e quando chega passa tão rápido quanto esses dias pagãos. Hoje é futuro na nação que sacoleja com sons guturais. A carne elevada à divindade. Cristãos rebolam também. Santos com tez escura anarquizam o reino e dizem amém.



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Incêndio em Suzano

Pois é, sábado vai pegar fogo em Suzano!
Último Sarau do ano + Lançamentos
PAVIO DA CULTURA
Dia 11/12 – das 19h30 às 22h
Local: Centro Cultural de Suzano
Rua Benjamin Constant, 682 – Centro – Suzano - SP

Mais informações no release abaixo:

Trajetória Literária será lançada no Pavio da Cultura

Evento contará com a presença de vários autores que participam da revista.

Neste sábado, dia 11/12, será realizada a última sessão do ano do tradicional sarau Pavio da Cultura, a partir das 19h30, no Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi (Rua Benjamin Constant, 682 – Centro – Suzano - SP).
Nesta edição, haverá o lançamento da revista "Trajetória Literária nº 6" e contaremos com a presença dos autores que participam da revista com contos e poesias, além dos ilustradores.
A revista é o resultado do 6º Concurso Literário de Suzano - Edição Carolina Maria de Jesus. Cada pessoa presente no lançamento terá direito a um exemplar autografado pelos autores e ilustradores.
"Esse sarau é o último do ano, e ainda teremos alguns lançamentos, então a noite promete", fala empolgado Ademiro Alves, o Sacolinha, escritor e Coordenador Literário da Prefeitura de Suzano.
Os lançamentos a que Sacolinha se refere, além da revista, são do cordel "Apelidos" de Francis Gomes, do livro "Coração de lata" da escritora Silvia Seny e do filme "Cangaceiros urbanos" do cineasta e escritor Denivaldo Araújo, morador do bairro Miguel Badra que está indo morar na Bahia e deixa esse filme gravado e produzido em Suzano como uma manifestação de carinho pela cidade.
Nesse dia, excepcionalmente, o sarau vai começar mais cedo, por conta do grande volume de atividades e da sessão de autógrafos dos autores e ilustradores da revista.
Os interessados em se apresentar devem chegar com 30 minutos de antecedência, às 19h.
Outras informações sobre o evento podem ser obtidas pelo telefone (11) 4747-4180.