terça-feira, 24 de julho de 2007

Palavras soltas

Outro dia, a caminho de casa, andando até a estação de trem, tive um turbilhão na cabeça; várias coisas ao mesmo tempo na mente. Palavras soltas vinham como uma onda vem ao encontro da praia. As palavras fluíam sem problema nenhum. Pensava, pensava e tudo ali, num instante. Uma narrativa fantástica; letra por letra e uma espécie de texto ia se desenrolando e desenvolvendo em minha imaginação. Naquele momento gostaria de ter um gravador, desses pequenos que gravam vozes. Hoje, escrevendo esse pequeno texto, que não é um conto não me lembro de absolutamente nenhuma frase, uma palavra sequer daquele momento de esmero da mente. Também, num dia qualquer, já deitado, pronto para dormir, tive outro desses relâmpagos cerebrais metidos a escritor e imaginei, frase por frase, um conto. Era um conto com começo, meio e fim. Mas a preguiça de levantar da cama quentinha me venceu. No outro dia, ao me levantar ainda me lembrava de algumas passagens do conto, mas aí também não escrevi nada. Tudo se perdeu no infinito mundo das imaginações.
Em alguns casos, até tento escrever algo depois, como está acontecendo agora, mas as idéias, as palavras, as frases saem de outra forma. Tudo alternado e alterado. Até, em certo ponto, consigo desenvolver um poema, um micro conto, ou algo similar.
Poucas vezes um conto, quando escrevo um, me vem antes. Penso em algo, algum acontecido, ou invento alguma coisa mesmo e aí vou destrinçando as palavras, ora no computador, ora num caderninho que levo, às vezes, comigo. Gosto de escrever de supetão. Quando menos espero tenho alguma coisa. Poema acho mais difícil, parece que a emoção transborda mais. Também aí pode haver um tempo relativo. Há contos e crônicas que também têm seu conjunto de emoção...e razão. Interligados, ambos, dão um contínuo à espessura das palavras. Jogar, fragmentadamente, as palavras também é uma solução que busco; de vez em quando crio um texto bom ou que pelo menos seja legível.
Porém, penso, acima de tudo o fator criativo designa a condução da pena (metáfora!).
Gosto mesmo de escrever qualquer coisa. Qualquer pensamento é um transbordo de emoção; julgue-o quem quiser ler. Tire a conclusão de tudo quem se arriscar nessa viagem que é a leitura.
Desde os, chamados, clássicos até os não clássicos, passando por zines, blogs e derivados; em tudo há leitura suficiente e escrita intimista de alguém que se propôs à isso.
Precisamos entender que escritor não é somente aquele que escreve profissionalmente, - falo isso sem preconceitos – e sim todos aqueles que, de uma forma ou de outra, rabisca suas idéias em algum canto.

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