quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

OPDDIC ATACA COMUNIADADE ZAPATISTA.

Hermann Bellinghausen. La Jornada, 27/11/2007.

Ejido Morelia, Chiapas, 26 de novembro. A Junta de Bom Governo (JBG) Coração do Arco-íris da Esperança divulgou hoje os graves fatos ocorridos na comunidade zapatista Bolom Ajaw no último dia 24. "Às 11.00 da manhã, 80 pessoas pertencentes à Organização Para a Defesa dos Direitos Indígenas e Camponeses (OPDDIC) penetraram com requinte de violência no novo centro do povoado Bolom Ajaw, região de La Montaña, do município autônomo em rebeldia Olga Isabel, portando armas de fogo, facões e pedaços de pau; 20 pessoas tinham revólveres calibre 22 e 38, outras seis escopeta, e os demais paus e facões.

Chegaram neste lugar encontrando apenas mulheres, crianças e um companheiro promotor de saúde, Manuel Hernández. Não havia outros companheiros porque haviam saído para trabalhar em suas terras",

Manuel Hernández, "apesar de estar doente, foi brutalmente golpeado a pontapés e pauladas em todo o corpo, deixando-o inconsciente, e lhe disseram que abandonasse imediatamente este lugar com o seu grupo porque, do contrário, todos vão morrer. Uma vez realizada esta brutalidade vil e tão vergonhosa, abandonaram o lugar".

Com estas palavras, a JBG relata a mais recente agressão da "organização paramilitar OPDDIC" contra este povoado, próximo às margens de um dos rios mais cobiçados pela indústria do turismo e seus intermediários governamentais: o Água Azul. A organização priista agride o tempo todo, com aberto respaldo oficial, os moradores tzeltales de Bolom Ajaw.

Nessa noite, às 20.00 horas, no ejido Água Azul, do município oficial de Tumbalá, "o menino Miguel Pérez Álvaro, de oito anos de idade, filho de um companheiro base de apoio zapatista, saiu de sua casa para ir buscar água a uma distância de 40 metros, onde havia um bom reflexo de luz. Foi surpreendido por quatro pessoas da OPDDIC (são as mesmas que andam agredindo em Bolom Ajaw, de nome Florentino Silvano Pérez, Alejandro Gómez Hernández, Marcos López Silvano y Miguel Hernández López) que agarraram o menino, torceram-lhe ambos os pulsos fazendo-o gritar fortemente de dor. Deixando o menino aos gritos de dor, o abandonaram e saíram fugindo".

Diante destes acontecimentos, "de tão descarada injustiça e da impunidade mais cabal por parte de quem diz ser governo do estado de direito", a JBG do Caracol Redemoinho de Nossas Palavras exige "a aplicação cabal da justiça e a imediata punição das pessoas responsáveis: Jeremías López Hernández, Salomón Moreno Estrada, Adolfo Moreno Estrada, Alberto Urbina López, Jerónimo Urbina López, Florentino Silvano Pérez, Alejandro Gómez Hernández, Marcos López Silvano y Miguel Hernández López".

Os acima citados, moradores do ejido Água Azul, de forma "cínica" têm tentado, "não pela primeira vez, perseguir, violar e privar da vida nossos companheiros", acrescenta a Junta, "que não têm feito mais do que lutar e resistir até para estes que, sendo indignos, são nossos irmãos de cor e raça".

Na terça-feira, dia 20, os camponeses de Bolom Ajaw haviam sido ameaçados em suas roças com facões e disparos para o alto. Pelo menos desde setembro, a hostilidade da OPDDIC na região contra a comunidade zapatista tem sido contínua, mas a partir do dia 13 deste mês tem se agravado. A JBG agora declara: "Por isso dizemos ao mau governo "Basta!" de impunidade diante das violações dos direitos humanos e dos direitos constitucionais. Chega de utilizar nossos irmãos indígenas e camponeses que, na miséria, sofrem a injustiça e a paramilitarização com a qual vocês mesmos, utilizando-se deles, massacram o povo pobre e trabalhador".

Não são claras as razões da suposta reclamação da OPDDIC. De um lado, invade os milharais zapatistas com a intenção de apropriar-se deles, e, de outro, serve de ponta de lança às instâncias federais como a Secretaria de Reforma Agrária, a Comissão Nacional de Áreas Protegidas e o Exército, bem como às estaduais, Secretaria de Governo e Procuradoria Geral de Justiça, para expulsar as famílias de Bolom Ajaw assentadas em terras recuperadas.

Chama à atenção que a OPDDIC atua cada dia mais como um autêntico grupo paramilitar: em grande número, com armas e equipamento de radiotelefonia portátil e linguagem ameaçadora. "Se não saírem deste lugar, seus corpos serão despedaçados e jogados no rio", alardearam na semana passada durante outra incursão na comunidade zapatista.

Para conhecer as atividades da Outra Campanha, visite a página eletrônica:

http://enlacezapatista.ezln.org.mx

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