segunda-feira, 8 de março de 2010

ALGUÉM

Texto e ilustração: Jorge Américo

Que não rasgasse os meus versos

Que me desafiasse a ser uma pessoa melhor a cada dia

Que visse diversão num passeio público

Que conhecesse sinônimos secretos para a palavra amor

Que me repreendesse com ternura

Que não achasse absurdo ser mãe de filho meu


Que pedisse para ficar mais um pouquinho ou para sempre, se possível

Que me usasse como cobertor e aceitasse ser meu travesseiro

Que se fizesse de durona para me defender dos brutos

Que combatesse e não praticasse a injustiça


Que engrossasse, com seu tempero, meu caldo ralo

Que me libertasse, com seu destempero, de dias sempre iguais


Que achasse graça na minha esquisitice

Que gostasse de pôr-do-sol

Que usasse uma flor no cabelo

Que se tornasse fiadora dos meus sonhos

Que andasse de mãos dadas com solenidade

Que lhe servisse de pele e não de vestimenta a simplicidade


Que temesse me perder, ainda que eu seja tão razoável

Que me pegasse no colo, mesmo sendo tão frágeis teu caule e tuas pétalas

Que trouxesse nos olhos enigmas indecifráveis para me distrair pelo resto da vida

Que me remediasse diariamente quando descobrisse que minha tristeza é de nascença e não tem cura

Um comentário:

Anônimo disse...

dia 20 tem um sarau no ceu azul da cor do mar as 15:00hrs
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